Carlos Sequeira, primeiro produtor em modo biológico em terrenos do concelho de Loures, recebeu, no dia 21 de março, a visita da Câmara Municipal de Loures. Na exploração agrícola que detém na Apelação não são admitidos adubos químicos, nem pesticidas, numa tentativa de respeito pelo equilíbrio da natureza.
Carlos Sequeira, de 41 anos, adquiriu recentemente a certificação pela produção agrícola em modo biológico por parte do organismo de certificação SATIVA.
Por essa razão, recebeu, no dia 21 de março, a visita de Emília de Figueiredo, vereadora do Departamento de Atividades Económicas e Turismo da Câmara de Loures, assim como de Jaime Ferreira, Presidente da Agrobio - Associação Nacional de Agricultura Biológica -, e de Nelson Silva, em representação do Departamento Técnico daquela associação.
“Estamos perante um jovem empreendedor e são exemplos como este que devem ser destacados”, realçou Emília de Figueiredo. “Estamos aqui hoje para dar a conhecer e valorizar a qualidade e a diversidade da agricultura biológica produzida no concelho de Loures”, acrescentou a autarca.
É num terreno de um hectare, bem no centro da Apelação, que fomos encontrar Carlos Sequeira. “Este é o meu mais recente projeto”, revela com orgulho o produtor. “Fiquei sem emprego e decidi enveredar por esta atividade, aproveitando todas as potencialidades deste terreno herdado do meu avô”.
E porquê a agricultura biológica? “Sempre me interessei por esta temática e a minha alimentação costuma ser bastante cuidada, regendo-se pelos princípios da agricultura biológica. Além disso, há quatro anos frequentei uma formação em agricultura biológica na Agrobio.”
Carlos Sequeira explica que foi apenas há quatro meses que começou a colocar sementes na terra. Por essa razão refere ainda não ter estado presente no Mercado Agrobio, apesar de já ter fornecido os seus produtos a outros produtores para ali serem vendidos. “Ainda não reuni as condições nem a quantidade de produtos necessários para montar uma banca no Mercado”. De qualquer forma, revela, “no dia 31 de março lá estarei”.
O Mercado Agrobio, organizado pela Câmara de Loures, em parceria com a Agrobio, realiza-se todos os sábados, entre as 9 e as 14 horas, na Praça da Liberdade, em Loures, frente aos Paços do Concelho. Facilitar o acesso aos produtos de agricultura biológica e o incentivo à produção e consumo locais, de produtos frescos e da época, são os objetivos principais.
No seu terreno, que conta com duas estufas de germinação, Carlos Sequeira produz um pouco de tudo: tomate, pimento, alface, coentros, cominhos, manjericão, rúcula, e agrião, entre muitos outros produtos. A formação, essa nunca é descurada, estando atualmente a frequentar um curso de HACCP. “Quero estar apto a fabricar pão e doces biológicos”, explica o produtor.
Acérrimo defensor da Agricultura Biológica, Jaime Ferreira, frisa: “A agricultura biológica é uma agricultura com futuro. O mercado é crescente, as pessoas estão cada vez mais interessadas neste modo de produção, e os produtos não têm de ser necessariamente mais caros.”
“Não tenho dúvidas de que o Carlos Sequeira irá funcionar com um exemplo a seguir. Muitas vezes as pessoas precisam de ter acesso a um caso real para verificarem que funciona. E podem ter a certeza que é muito mais fácil começar a prática agrícola pela agricultura biológica do que mudar da convencional para a biológica”, refere Jaime Ferreira.
Entre as principais razões para se enveredar pela agricultura biológica, o presidente da Agrobio enumera: “é mais sustentável e como está a ser praticada, cada vez mais, junto dos grandes centros urbanos e de importantes polos de escoamento como lojas, escolas ou empresas, contribui para a redução da pegada ecológica. É um tipo de agricultura que está mais direcionada para o consumo local, de venda direta e cadeia curta”, explica.
Além disso “ao contrário da agricultura convencional, os produtores biológicos seguem um caderno de normas rigoroso, verificado por organismos de controlo e certificação, segundo a legislação europeia de Agricultura Biológica”, acrescenta Jaime Ferreira.
Sobre a Agricultura Biológica
Os excedentes agrícolas, a desertificação humana das regiões desfavorecidas, o esgotamento e erosão dos solos, a poluição das terras e águas, a redução da biodiversidade, a contaminação de produtos, foram os principais motivos que levaram à procura de modelos de desenvolvimento sustentável com regras, princípios e práticas que noutros tempos eram usados e que agora fazem parte da Agricultura Biológica.
A agricultura biológica tem como base o reconhecimento da existência em comum da saúde do solo, dos animais e dos seres humanos, não descurando os ecossistemas agrícolas. A não utilização de adubos e pesticidas químicos de síntese, promotores de crescimento, como por exemplo hormonas e antibióticos, de aditivos e conservantes, de alimentos e organismos geneticamente modificados, faz da agricultura biológica um modo de produção que respeita a vida e o ambiente, promovendo a biodiversidade.
Portugal possui uma conjuntura favorável a este tipo de agricultura, pelas suas potencialidades climáticas, pela diversidade de fauna e flora ainda existentes e, acima de tudo, por que muitas das formas tradicionais de produção são muito próximas do modo biológico. Também a existência de espécies, variedades regionais e raças autóctones poderão constituir pontos fortes para a expansão deste tipo de agricultura.
fonte:http://www.cm-loures.pt/